segunda-feira, 31 de março de 2008
Antes de ser mãe eu fazia
e comia os alimentos ainda quentes
Eu não tinha roupas manchadas.
Eu tinha calmas conversas ao telefone.
Antes de ser mãe eu dormia
o quanto eu queria
e nunca me preocupava
com a hora de ir para a cama.
Eu não me esquecia de
escovar os cabelos e os dentes.
Antes de ser mãe eu limpava
minha casa todo dia.
Eu não tropeçava em brinquedos
nem pensava em canções de ninar.
Antes de ser mãe eu não me preocupava
se minhas plantas eram venenosas ou não.
Imunizações e vacinas eram
coisas em que eu não pensava.
Antes de ser mãe ninguém vomitou nem fez xixi em mim,
nem me beliscou sem nenhum cuidado,
com dedinhos de unhas finas.
Antes de ser mãe eu tinha
controle sobre a minha mente,
meus pensamentos, meu corpo e meus sentimentos.
... eu dormia a noite toda ...
Antes de ser mãe eu nunca tive
que segurar uma criança chorando
para que médicos pudessem
fazer testes ou aplicar injeções.
Eu nunca chorei olhando
pequeninos olhos que choravam.
Eu nunca fiquei gloriosamente feliz
com uma simples risadinha.
Eu nunca fiquei sentada horas
e horas olhando um bebê dormindo.
Antes de ser mãe eu nunca
segurei uma criança só por
não querer afastar meu corpo do dela.
Eu nunca senti meu coração se despedaçar
quando não pude estancar uma dor.
Eu nunca imaginei que uma
coisinha tão pequenina pudesse
mudar tanto a minha vida.
Eu nunca imaginei que pudesse
amar alguém tanto assim.
Eu não sabia que eu adoraria ser mãe.
Antes de ser mãe eu não conhecia a sensação
de ter meu coração fora do meu próprio corpo.
Eu não conhecia a felicidade de
alimentar um bebê faminto.
Eu não conhecia esse laço que
existe entre a mãe e a sua criança.
Eu não imaginava que algo tão pequenino pudesse
fazer-me sentir tão importante.
Antes de ser mãe eu nunca me
levantei à noite a cada 10 minutos
para me certificar de que tudo estava bem.
Nunca pude imaginar o calor,
a alegria, o amor, a dor
e a satisfação de ser uma mãe.
Eu não sabia que era capaz
de ter sentimentos tão fortes.
Por tudo e, apesar de tudo, obrigada, Deus ,
por eu ser agora um alguém tão
frágil e tão forte ao mesmo tempo.
Obrigada Deus por permitir-me ser Mãe!
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
E tudo mudou...
O rouge virou blush
O pó-de-arroz virou pó-compacto
O brilho virou gloss
O rímel virou máscara incolor
A Lycra virou stretch
Anabela virou plataforma
O corpete virou porta-seios
Que virou sutiã
Que virou lib
Que virou silicone
A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamento
A escova virou chapinha
"Problemas de moça" viraram TPM
Confete virou MM
A crise de nervos virou estresse
A chita virou viscose.
A purpurina virou gliter
A brilhantina virou mousse
Os halteres viraram bomba
A ergométrica virou spinning
A tanga virou fio dental
E o fio dental virou anti-séptico bucal
Ninguém mais vê...
Ping-Pong virou Babaloo
O a-la-carte virou self-service
A tristeza, depressão
O espaguete virou Miojo pronto
A paquera virou pegação
A gafieira virou dança de salão
O que era praça virou shopping
A areia virou ringue
A caneta virou teclado
O long play virou CD
A fita de vídeo é DVD
O CD já é MP3
É um filho onde éramos seis
O álbum de fotos agora é mostrado por email
O namoro agora é virtual
A cantada virou torpedo
E do "não" não se tem medo
O break virou street
O samba, pagode
O carnaval de rua virou Sapucaí
O folclore brasileiro, halloween
O piano agora é teclado, também
O forró de sanfona ficou eletrônico
Fortificante não é mais Biotônico
Bicicleta virou Bis
Polícia e ladrão virou counter strike
Folhetins são novelas de TV
Fauna e flora a desaparecer
Lobato virou Paulo Coelho
Caetano virou um chato
Chico sumiu da FM e TV
Baby se converteu
RPM desapareceu
Elis ressuscitou em Maria Rita?
Gal virou fênix
Raul e Renato,
Cássia e Cazuza,
Lennon e Elvis,
Todos anjos
Agora só tocam lira...
A AIDS virou gripe
A bala antes encontrada agora é perdida
A violência está coisa maldita!
A maconha é calmante
O professor é agora o facilitador
As lições já não importam mais
A guerra superou a paz
E a sociedade ficou incapaz...
... De tudo.
Inclusive de notar essas diferenças
Luis Fernando Veríssimo
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008
O que os olhos não vêem
Há muito tempo atrás, um casal de velhinhos que não tinha filhos, morava em uma casinha humilde de madeira, tinha uma vida muito tranqüila, alegre, e ambos se amavam muito. Eram felizes. Até que um dia...
Aconteceu um acidente com a senhora. Ela estava trabalhando em sua casa quando começou a pegar fogo na cozinha e as chamas atingiram todo o seu corpo. O esposo acordou assustado com os gritos e foi à sua procura, quando a viu coberta pelas chamas, imediatamente tentou ajudá-la. O fogo também atingiu seus braços e, mesmo em chamas, conseguiu apagar o fogo.
Quando chegaram os bombeiros já não havia muito da casa, apenas uma parte, toda destruída. Levaram rapidamente o casal para o hospital mais próximo, onde foram internados em estado grave. Após algum tempo aquele senhor menos atingido pelo fogo saiu da UTI e foi ao encontro de sua amada. Ainda em seu leito a senhora toda queimada, pensava em não viver mais, pois estava toda deformada, queimara todo o seu rosto.
Chegando no quarto de sua senhora, ela foi falando:
- Tudo bem com você meu amor?
- Sim, respondeu ele, pena que o fogo atingiu os meus olhos e não posso mais enxergar, mas fique tranqüila amor que sua beleza está gravada em meu coração para sempre.
Então triste pelo esposo, a senhora disse-lhe:
- Deus, vendo tudo o que aconteceu, tirou-lhe as vistas para que não presencie esta deformação em mim. As chamas queimaram todo o meu rosto e estou parecendo um monstro.
Passado algum tempo, e recuperados, voltaram para uma nova casa, onde ela fazia tudo para o seu querido esposo, e ele todos os dias dizia-lhe: COMO EU TE AMO! E assim viveram 20 anos até que a senhora veio a falecer. No dia de seu enterro, quando todos se despediam, então veio aquele senhor sem seus óculos escuros e, com sua bengala nas mãos, chegou perto do caixão, beijou o rosto e, acariciando sua amada, disse em um tom apaixonante: - "Como você é linda meu amor, eu te amo muito".
Ouvindo e vendo aquela cena, um amigo que estava ao lado perguntou se o que tinha acontecido era milagre. Olhando nos olhos dele, o velhinho apenas falou:
- Nunca estive cego, apenas fingia, pois quando a vi toda queimada sabia que seria duro para ela continuar vivendo daquela maneira. Foram vinte anos vivendo muito felizes e apaixonados!
Na vida temos de provar que amamos! Muitas vezes de uma forma difícil. E, para sermos felizes, temos de fechar os olhos para muitas coisas, mas o importante é que se faça única e intensamente com AMOR!
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
" Quero sempre poder ter um sorriso estampando em meu rosto,
Mesmo quando a situação não for muito alegre...
E que esse meu sorriso consiga transmitir paz
para os que estiverem ao meu redor.
Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém...
E poder ter a absoluta certeza de que esse alguém
também pensa em mim quando fecha os olhos,
que faço falta quando não estou por perto.
Queria ter a certeza de que apesar de minhas
renúncias e loucuras, alguém me valoriza
pelo que sou, não pelo que tenho...
Que me veja como um ser humano completo,
que abusa demais dos bons sentimentos
que a vida proporciona,
que dê valor ao que realmente importa,
que é meu sentimento...e não brinque com ele."
Mario Quintana
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
Antes que elas cresçam
Há um período em que os pais vão
ficando órfãos de seus próprios filhos.
É que as crianças crescem independentes de nós,
como árvores tagarelas e pássaros estabanados.
Crescem sem pedir licença à vida.
Crescem com uma estridência alegre e,
às vezes com alardeada arrogância.
Mas não crescem todos os dias, de
igual maneira, crescem de repente.
Um dia sentam-se perto de você no terraço
e dizem uma frase com tal maneira que você
sente que não pode mais trocar as fraldas
daquela criatura.
Onde é que andou crescendo aquela
danadinha que você não percebeu?
Cadê a pázinha de brincar na areia, as festinhas
de aniversário com palhaços e o primeiro
uniforme do maternal?
A criança está crescendo num ritual de
obediência orgânica e desobediência civil.
E você está agora ali,na porta da discoteca,
esperando que ela não apenas cresça, mas apareça...
Ali estão muitos pais ao volante, esperando que eles saiam esfuziantes e cabelos longos, soltos.
Entre hambúrgueres e refrigerantes nas esquinas, lá
estão nossos filhos com uniforme de sua geração.
Esses são os filhos que conseguimos gerar e amar,
apesar dos golpes dos ventos, das colheitas, das
notícias, e da ditadura das horas.
E eles crescem meio amestrados, observando e
aprendendo com nossos acertos e erros.
Principalmente com os erros que esperamos
que não se repitam.
Há um período em que os pais vão ficando
um pouco órfãos dos filhos.
Não mais os pegaremos nas portas das
discotecas e das festas.
Passou o tempo do ballet, do inglês,
da natação e do judô.
Saíram do banco de trás e passaram para o
volante de suas próprias vidas.
Deveríamos ter ido mais à cama deles ao anoitecer
para ouvirmos sua alma respirando conversas e
confidências entre os lençóis da infância, e os
adolescentes cobertores daquele quarto cheio
de adesivos, posters, agendas coloridas e
discos ensurdecedores.
Não os levamos suficientemente ao Playcenter, ao
shopping, não lhes demos suficientes hambúrgueses e
refrigerantes, não lhes compramos todos os
sorvetes e roupas que gostaríamos de ter comprado.
Eles cresceram sem que esgotássemos
neles todo o nosso afeto.
No princípio iam à casa de praia entre
embrulhos,bolachas, engarrafamentos, natais,
páscoas, piscinas e amiguinhos.
Sim havia as brigas dentro do carro, a disputa pela
janela, os pedidos de chicletes e cantorias sem fim.
Depois chegou o tempo em que viajar com os pais
começou a ser um esforço, um sofrimento, pois era
impossível deixar a turma e os primeiros namorados.
Os pais ficaram exilados dos filhos. Tinham a solidão
que sempre desejaram, mas, de repente, morriam de
saudades daquelas "pestes".
Chega o momento em que só nos resta ficar de longe
torcendo e rezando muito para que eles acertem nas
escolhas em busca da felicidade.
E que a conquistem do modo mais completo possível.
O jeito é esperar: qualquer hora pode nos dar neto.
O neto é a hora do carinho ocioso e estocado,
não exercido nos próprios filhos e que não
pode morrer conosco.
Por isso os avós são tão desmesurados e
distribuem tão incontrolável carinho.
Os netos são a última oportunidade de
reeditar o nosso afeto.
Por isso é necessário fazer alguma coisa
a mais,antes que eles cresçam